Belzonte Belóris Belô BH

Quando cheguei em Belo Horizonte, no réveillon de 1968, natural que me aproximasse de pessoas que vinham da Bahia, São Paulo, Paraná, ou mesmo, do Norte de Minas ou Triângulo Mineiro tentar a vida na cidade. Cada um com seu jeito de se integrar. Uma turma de Montes Claros, por exemplo, tinha como marca chamar a cidade de Belóris. Evidente que esta excrescência não pegou, mas todos identificavam a origem de quem usava. Os publicitários acabaram por impor Belô e BH. Pra mim, sempre achei mais adequado Belzonte, ca de que é assim que mineiro fala.

Sempre fiquei invocado porque mineiro chamava cruzamento de praça. Só agora, em 2019, tive a informação de que aqueles quarteirões triangulares dos cruzamentos eram, na realidade, o espaço destinado à sua construção. Caiu a ficha. Desde o início, a especulação imobiliária se sobrepunha à qualidade de vida. Nada a estranhar. portanto, que o Parque Municipal tenha sido reduzido pra menos da metade.

Se os construtores não conseguiram cumprir o plano original, magina quando a cidade ultrapassou os limites da Avenida do Contorno. Em meados do século XX, o governo do Estado se desfez de imensa área de terra nas proximidades do Palácio das Mangabeiras. Poderia ter pensado em encaminhar uma solução para as ocupações irregulares. Preferiu entregar para os especuladores.

Belzonte marca momentos importantes de minha vida. O ingresso na idade adulta. A afirmação profissional. A constituição de uma família. E uma rede de amigos, daqueles que se guarda do lado esquerdo do peito. Momentos tristes e tensos, vivíamos anos de chumbo. E alegrias, como a volta do irmão do Henfil. E o encontro com o Clube Atlético Mineiro Galo forte e vingador. Time que só tem uma estrela em cima do escudo simbolizando sua vibrante torcida.

Há 26 anos voltei pra roça onde fui criado. Metrópoles perderam o encanto para mim. Como diz o Rafael Limaverde (artista plástico cicloturista e poeta):“E lá se vão os “cosmopolitas”. Correndo, sempre correndo…(pra onde, nunca se sabe.” Mas sempre volto à cidade pra rever a família, os amigos, os lugares que continuam a dizer algo. Tenho profundo amor à Belzonte, que nesta quinta, dia 12, comemora seus 122 anos. Que não envelheça!

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