Vasto mundo

De mala pronta pra visitar filhos, parentes e amigos em Belzonte, cidade onde vivi momentos memoráveis. Mala pequena e leve, atendendo à política de bagagens das companhias aéreas, sem lugar pra lembrancinhas ou presentes. Fazer o que? – dizia o Zé Chagas.

Cheguei na cidade no réveillon de 1968, para passar um mês, que virou 25 anos. Já tinham cortado os benjamins da Avenida Afonso Pena, ocupado com construções um tanto do Parque Municipal e as praças eram cruzamentos de avenidas. Prenúncio de quem ia comandar a expansão da cidade. Que cresceu horrores para o lado e para cima, desde então. Mas preserva precário o sistema de transporte coletivo, embora as tarifas façam a festa dos empresários do setor.

No mundo, Era de Aquarius. No Brasil, Anos de Chumbo. Sem internet, a juventude se conectava na construção de um mundo de paz e amor. Make love, not war. Valores compartilhados com generosidade e ousadia. Cheio de sonhos, vivia o presente.

Esta viagem tem uma razão determinada. Sem dúvida, vou redescobrir a cidade conhecida, escondida atrás dos ícones contemporâneos. Rever lugares, encontrar amigos. Abraços, um café, um chopp, pão de queijo com linguiça, fígado com jiló. Conversa jogada fora (ou dentro?). E, logo, voltar pra roça, que cidade grande é lugar de quem quer viver isolado. Mundo mundo vasto mundo.