A viagem programada e celebrada em post anterior gorou. Além da natural decepção com a alteração de planos tão carinhosamente construídos, temos de lidar com o prejuízo para garantir o ganho da empresa aérea. No meu caso, trocar 3 passagens no trecho FOR/CNF/FOR por um crédito em dinheiro que não garante nem uma passagem ao Recife. E se noticia que o governo vai dar 10bi do nosso dinheiro pra ajudar as aéreas. E mais um tanto para socorrer empresários da inciativa privada, incapazes de gerar riqueza sem a mão amiga do Estado. Parece absurdo, realmente é, mas assim são as coisas. Trabalhadores e consumidores que arquem com a festa do andar de cima.
Os lucros das empresas tão garantidos. Empregos e salários, não. Embora alguns economistas estejam descobrindo que se o trabalhador não for trabalhar o ganho do patrão tá perdido, não propõem nenhum alívio pra quem precisa de emprego. Antes, pelo contrário. Chega-se ao cúmulo de admitir a morte de pessoas desde que se garanta a grana. O ser humano não conhece limites quando resolve ser abjeto.

Um minúsculo ser invisível põe a nu, de forma implacável, as mentiras que nos foram impingidas pelas classes dominantes. Papo direto e reto. Tião Nunes, numa sacada genial, levanta a hipótese de ser ação do Ser superior, que criou o Céu e a Terra, aborrecido com a babaquice dos humanos e puto com a utilização de Seu Nome em vão, por religiões picaretas. Parece mesmo.




Didaticamente, verdades vêm à tona. Quem cria riqueza é o trabalho, ponto. Sem o trabalhador, empresário nenhum gera um tostão. Já os trabalhadores mostram resultados sem os empresários, como comprovado pelos probos pioneiros de Rochdale e assentamentos do MST. O tal ‘mercado’, endeusado por çumidades acoitadas pela mídia, não passa de um falso ídolo, o bezerro de ouro, já descrito na Bíblia, milhares de anos atrás. São pródigos os exemplos que diferenciam os charlatões, plenos de chavões e vazios de propostas, dos verdadeiros economistas que se debruçam na busca do que a ciência tem de ferramentas para enfrentar a crise. E chega a ser trágico que montanhas de trilhões de dinheiro, gastos com sistemas militares e armamentos de destruição em massa, sejam impotentes para salvar os habitantes do planeta de uma ameaça real. Isso sim, recursos desperdiçados.
A reclusão é desconfortável, certo. Mas é a forma de enfrentar a ameaça. Uma pena que as redes sociais não tenham um filtro pra impedir a ignorância e a estupidez e a gente seja bombardeado por legiões de dementes alardeando sua condição. Resta manter a lucidez, arrumar gavetas e armários, organizar os arquivos, ler um bom livro. E torcer para que saiamos da crise com algum aprendizado. A vida não é só isso que se vê.

Fotos da exposição Raízes, de Weiwei, vista em março de 2019, no CCBB de Belo Horizonte.