
O brasileiro médio tem profunda ignorância sobre a realidade brasileira e mais crassa ainda sobre a sua história. Por isso, se sente muito confortável ao repetir a narrativa que vê na mídia, mais recentemente no whatsapp, sobre assuntos dos quais não tem o menor conhecimento, como verdade absoluta. A inguinoransa astravanca o pogréçio, dizia um personagem da tv, o que explica reações extremadas contra as ações de sanitaristas como Osvaldo Cruz, há um século atrás e as recomendações da OMS nos dias atuais.
Aliada da ignorância, a preguiça em se informar, embora não lhe falte o acesso, explicam que aceite, bovinamente, a visão oficial deturpada sobre as organizações dos trabalhadores, as associações, os sindicatos e os movimentos sociais, em especial o MST. Recente episódio entre ministro e presidente expõe a mentira da livre negociação patrão e empregado. E a atuação do MST na pandemia, distribuindo toneladas de alimentos, mostra a verdadeira face do movimento.
Encarando um rosário de obstáculos – da abjeta campanha de difamação orquestrada pela mídia à perseguição violenta com assassinatos de seus líderes e membros – o MST vem mostrando, ao longo de sua história, os benefícios de uma verdadeira reforma agrária para o país. Demanda que vem de longe. Logo após o golpe de 1964, o governo militar elaborou o Estatuto da Terra, Lei 4504/64, disciplinando o assunto. Embora dispondo de todos os instrumentos não teve peito de implementá-lo. Optou por fortalecer o velho modelo de plantation, latifundiário e exportador, através do Sistema Nacional de Crédito Rural. Do esgotamento desse modelo surge o MST. Veja quão atrasados estamos.
Mas o que motiva esta postagem é o papo entre Eduardo Moreira e dirigentes do MST, no último sábado, sobre novo modelo de financiamento para a agricultura familiar. Uma alvissareira notícia no meio de tanta coisa ruim acontecendo. Abra o link acima e confira. Um alento ver que a Economia é mais do que os milhões de trouxas explorados por banqueiros, do repertório do ministro. É um instrumento para que se descubram soluções criativas e inovadoras para superar crises. 1 milhão de reais é pouco dinheiro, verdade. 1 milhão de vezes menos que o trilhão que vive na ponta da língua do ministro. Porém, abre uma estrada para a gente discutir que economia queremos. Longe de dogmas, olhando pra realidade, com o objetivo de melhorar a vida das pessoas. Livre das viseiras, podemos encontrar os meios de realizar sonhos. Uma luz na escuridão.

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