João teve a coragem ímpar de vir ao mundo com os pais totalmente crus na sutil arte de cá trazer um filho. Apesar de ser muito desejado e acompanhado com desvelo desde o início da gestação, era uma novidade totalmente nova. Saiu-se muito bem e creio que assim seja até hoje.
Pra não fazer feio, fizemos cursos que nos habilitassem a tal mister. Mas foi o João quem botou os pingos nos i i, deixando claro os enunciados. Começou por discordar do ultrassom, exame raro e caro na época, pedido pelo ginecologista antenado, que merece uma menção. Chamado de excêntrico pelos amigos, de maluco pelos detratores, dizia ‘não sou rico porque sou médico, sou médico porque sou rico’, deixando claro como via o exercício da medicina e o dinheiro. Tranquilidade ser cliente de um cabra assim.
O mais é um aprendizado mútuo e a descoberta constante do novo. Vieram depois um irmão e uma irmã pra ensinar que cada pessoa é única. E que a vida é um compartilhar de coisas.
Muitos momentos lembrados com carinho. Falas, gestos, passeios, aventuras, viagens e mudanças. Tudo muito multindisciplinar, como notou certa vez uma pessoa amiga. Com fotos guardadas num arquivo bagunçado.
O tempo passa, o tempo voa e hoje cada um tomou seu rumo, como deve ser. Sempre que dá a gente vai se encontrando por aí e celebrando a vida. João é professor. Profissão exigente e pouco reconhecida. Gosta de viajar e não será surpresa vê-lo nas férias em lugares tão comuns como a Islândia ou Nova Zelândia. Tanto faz no Sul como no Norte, já dizia um compositor baiano. E me surpreendeu com uma inusitada paixão pelo tênis. Sem nunca esquecer a primeira, óbvio.
