Nossa Casa Comum

Um fato. Independe de nacionalidade, religião, nível de renda ou instrução, cor da pele, sexo, inclinação política.  Todos habitamos o mesmo planeta, Terra, profundamente ameaçada pelos nossos desvarios de grandeza. Ao completar 5 anos, a encíclica do Papa Francisco, Laudato si, mostra sua incrível atualidade, exortando para uma reflexão necessária e urgente. Esse sim, um barco em que todos estamos, girando pelo espaço.

Paremos pra pensar. Nesse 5 de junho fazem 48 anos que a Conferência de Estocolmo deu o alerta sobre a exploração predatória dos recursos naturais. No entanto, usando as mais esfarrapadas desculpas, o ritmo da destruição prosseguiu acelerado, sem nenhum benefício para a maioria da população. Antes, pelo contrário. Os desastres da Vale em Mariana e Brumadinho são um exemplo claro do que acontece com o mundo. Vidas perdidas, cidades destruídas, campos arrasados, rios poluídos. Séculos de história e trabalho sepultados na lama, impossíveis de serem recuperados, para satisfazer a avidez de meia dúzia de celerados, que continuam impunes a rir da cara das vítimas. O dinheiro não é tudo, mas é 100%, dizia Falcão e parece justificar todos os crimes.

O Papa Francisco acredita em Deus e fala a partir dessa perspectiva. Não é permitido ao homem destruir a obra do Criador. Mas não se prende em dogmas religiosos. Ao contrário, dirige-se a toda a humanidade, convidando a uma reflexão profunda sobre o nosso papel aqui nesse mundo. ‘Tudo está conectado’ é a mensagem central da encíclica. Ser humano, Terra e natureza são partes de um mesmo todo. Destruir a natureza é destruir o homem, destruir a vida. Da mesma forma que não se faz proteção ambiental sem proteger o ser humano, principalmente os mais fracos e vulneráveis. É tudo uma coisa só.

O dinheiro não foi inventado por Deus. Isso fica bem claro na resposta dada por Jesus, na conhecida pegadinha: de quem é o rosto que está na efígie? Era de César, ora, uma invenção humana. Surgiu pra facilitar o comércio, acabou sendo erigido em divindade. Um deus cruel ao qual se sacrificam pessoas e bens. E o mais louco de tudo é que seu valor é determinado por sacerdotes desonestos e malvados que criam e destroem bilhões a um clique de computador. Se você acha que bezos e lemanns ficam bilionários por trabalho, mérito ou sorte, você é um trouxa, como bem o classificou o ministro Paulo Guedes. E é a essa divindade que estamos sacrificando o presente e comprometendo o futuro. Vamos pensar nisso?

A pandemia do covid-19 alerta para a insanidade do caminho que estamos trilhando. Toda empáfia de uma civilização afluente jogada por terra por um vírus microscópico. De nada adiantam os quaquilhões de dólares investidos em armamentos, os sofisticados mercados financeiros, os suntuosos templos de consumo, os eletrônicos de última geração. A solução é parar tudo, ficar em casa, interromper a disseminação do vírus. E repensar a vida, a economia, a sociedade. Um bom roteiro é conhecer o teor da encíclica Laudato si e se engajar na recuperação da nossa casa comum. Não precisa ser católico, cristão, ou professar qualquer crença. Basta ser gente.

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